Aos professores que se aproximam
- FAUNAS teatro portátil

- 18 de set.
- 2 min de leitura

Estou de regresso ao AE Sophia de Mello Breyner para continuar as oficinas "Vazio Criativo". Há momentos em que os alunos do 1º ciclo são conduzidos a escrever e desenhar desta forma, no chão. Porquê no chão? Porque a atividade está estruturada através de um conjunto de jogos teatrais que os conduzem a um estado de disponibilidade mental e física, concentração, relaxamento e liberdade imaginativa. E então, sim, escrevem e desenham no decorrer disso. Não faria qualquer sentido interromper aquele processo de trabalho para se irem sentar numa secretária só porque sim. Não. Pode-se escrever deitado de barriga no chão. Pode-se desenhar palavras e escrever desenhos. Podemos até dar erros, quando estamos a traduzir pensamentos complexos e à procura de mais vocabulário do que aquele que nos é habitual. O erro é parte da procura, como uma porta que se abre para um jardim desconhecido. Mas é por isso que, nesta foto que tirei ontem numa sessão de primeiro ciclo, está uma professora, ajoelhada, a ajudar um aluno a escrever uma "palavra difícil". A palavra até pode ser difícil, mas o processo é da maior fluidez e simplicidade. O silêncio que todos fazem nestes momentos, nas várias dezenas de turmas por que já passei, é precioso. Inspira-nos a acreditar que todos - todos! - são capazes de pensar, escolher e entretecer palavras, em liberdade, concentração e verdadeira alegria.
Mas, para mim, a parte mais especial desta foto é a professora junto do aluno. Nunca o misticismo nem a distância fizeram um bom professor. Sempre foi a proximidade, a empatia, a corajosa presença humana junto do outro, que fez dos bons professores referências para a vida de todos nós.
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18-09-2025, Isabel Fernandes Pinto





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