A Biblioteca Pública, esse lugar onde os livros se emprestam e os leitores regressam

As bibliotecas públicas são a única instituição que empresta, sem quaisquer juros nem contrapartidas que não sejam o regresso da coisa emprestada. É um espaço de subversão mercantil e de compromisso humano. Não pagamos pelo produto de que fruímos (e há muita gente nova perplexa: "Mas é mesmo gratuito?" É.), mas comprometemo-nos. Não se trata de um espaço de dádiva; a dádiva às vezes é fácil demais, como se o desprendimento da coisa a desvalorizasse. A biblioteca é o espaço do empréstimo sem juros mas com retorno. E é por isso uma das instituições mais belas desta sociedade. Foi construída por gente como nós e é alimentada todos os dias por heróis anónimos que amam os livros e mandam calar o ruído.

Na semana passada estive na Biblioteca Municipal Manuel Alegre a apresentar a peça do Projeto Faunas "Heróis pequeninos". Fui muito bem recebida, correu muito bem (Obrigada, Isabel Martins). À saída, olhei para o cartaz da semana seguinte: "Olha, eu conheço este livro..." Iam contar "A ovelha que fazia múuu" no sábado seguinte. Como não tinha nenhum compromisso nessa manhã (ontem), regressei à biblioteca, para partilhar com o Luís Silva - Malaquias (bibliotecário e exímio contador de histórias) uma manhã de contos maravilhosa. O Luís teve a amabilidade de me enviar estas fotos que partilho convosco. O cenário foi arranjado por ele, vejam como está tudo tão bonito.

Vão às bibliotecas. São espaços maravilhosos de silêncio, humanidade, conhecimento, partilha, bondade, fantasia e esperança.

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A bibliotecária Isabel Martins contou-me uma coisa muito bonita. Este edifício, muito recente, tem duas entradas ao público, uma delas a cota mais baixa, que dá para a sala polivalente. Durante a pandemia, os bibliotecários verificaram que havia gente a sentar-se na escadaria do lado de fora dessa entrada (que costumava estar fechada, por uma questão de logística) à hora do almoço. Então, abriram aquela porta e instalaram um micro-ondas nesse piso, onde as pessoas podem aquecer refeições rápidas. Desde então, essa entrada está aberta e as pessoas podem entrar nem que seja para aquecer uma refeição, estar confortável, tomar um café ou, quem sabe, requisitar um livro.

Que coisa tão bonita.  

Obrigada e bem hajam Isabel Martins e Luís Silva.

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23-11-2025, Isabel Fernandes Pinto